quarta-feira, 6 de março de 2024

Especial Eleições. Entrevista a Joaquim Celestino. | CDU/PCP


Com larga participação autár￾quica e intervenção política local e
regional, Joaquim Celestino Ribei￾ro é atualmente membro eleito da
Assembleia Municipal de Caminha
e da Assembleia Intermunicipal da
CIM do Alto Minho, liderando o res￾petivo grupo político nestes órgãos.
É ainda Dirigente Sindical, membro
da Direção Distrital de Viana do Cas￾telo do SPN – Sindicato dos Profes￾sores do Norte, membro da Comis￾são Concelhia de Caminha do PCP e
da Direção da Organização Regional
de Viana do Castelo do PCP.
Nascido em 1972, é licenciado e
profissionalizado no ensino de Físi￾ca e Química, lecionando no Agru￾pamento de Escolas do Concelho de
Caminha, tendo assento no respeti￾vo Conselho Pedagógico, enquanto
coordenador do Departamento de
Ciências Exatas e Experimentais.
Preside ainda à Assembleia Geral da
Associação Humanitária dos Bom￾beiros Voluntários de Vila Praia de
Âncora.
Acumula experiências passadas
na qualidade de docente e forma￾dor no setor público, particular e
cooperativo e associativo setorial
(agrícola e ensino profissional), em
todo o Alto Minho, bem como de
gestão administrativa e pedagógica
no Ensino Artístico Especializado da
Música.
A CDU e os seus candidatos par￾ticipam nesta batalha eleitoral em￾penhados no esclarecimento das
populações e no reforço eleitoral da
CDU que contrarie o rumo político
que tem levado ao encerramento de
serviços públicos, ao agravamen￾to das desigualdades na região e ao
despovoamento, com tradução mais
recente na perda de um deputado a
eleger pelo distrito de Viana do Cas￾telo. Este é o legado de 6 deputados
eleitos ao longo dos anos, do PS, PSD
e CDS, e que prova que se 6 nunca
foram capazes de fazer diferente,
não será com 5 que farão melhor. A
solução é confiar na CDU, reconhe￾cendo as provas dadas no seu traba￾lho na região, apoiando políticas de
coesão territorial, de maior e melhor
disponibilidade de serviços públi￾cos, de luta pela regionalização que
entregue à região a sua capacidade
natural de crescimento.
Como pretende promover o desen￾volvimento económico e social no Alto
Minho e noutras regiões do país?
O que é bom para a região, é bom
para o país. Aliás, não há desenvol￾vimento económico regional que não
contribua para o desenvolvimento do
país (importa, isso sim, diminuir as
assimetrias). O verdadeiro desenvolvi￾mento económico e social começa, por
isso, na melhoria das condições de vida
das populações. Daí que o aumento dos
rendimentos contribui decisivamente
para este processo. Os objetivos pro￾postos pela CDU são centrais e mobili￾zadores das regiões, desde logo porque
se sustentam na valorização do traba￾lho, garantindo o pleno emprego, me￾lhor remunerado e combativo da pre￾cariedade. Daí que o desenvolvimento
que propomos requer um acréscimo do
investimento público e privado, am￾pliando o mercado interno. É por isso
um modelo de desenvolvimento que vê
como motor de crescimento a produção
Especial Eleições. Joaquim Celestino. | CDU/PCP.
“O PCP apresentou já como propostas de alteração ao orçamento
do estado para 2024 o prolongamento da A28 até Valença,
Monção e Melgaço”
nacional, elemento de valorização das
regiões, das suas gentes e da sua identi￾dade. É nessa vivência coletiva que en￾tendemos os territórios como dinâmi￾cas económicas mistas, dando controlo
público aos sectores estratégicos mas
acomodando todos os contributos do
privado e do cooperativo e social. Aliás,
neste último capítulo importa a adoção
de medidas fiscais de descriminação
positiva das cooperativas e da criação
de um Fundo Nacional Cooperativo,
tal como propõe a CDU. Esta amplitude
assume na região todo o seu potencial
turístico, agrícola, de pesca e indústria,
à dimensão do território, valorizando
a sua localização e ligações, que, com
urgência, carece de melhoria, seja ro￾doviária ou ferroviária, privilegiando
disponibilidades públicas intermodais,
aproximando o distrito da realidade de
outras regiões do país.
Que políticas específicas planeia
implementar para apoiar as indústrias
locais, como o vinho verde na região do
Alto Minho?
O PCP e a CDU acumulam a defesa da
produção nacional nas mais variadas
vertentes e produtos, nunca esquecen￾do o que ao vinho verde diz respeito.
Aliás, mesmo sem qualquer deputado
eleito pelo distrito não deixou o PCP e a
CDU de acompanhar e intervir em de￾fesa da atividade e do rendimento justo
dos produtores, bem como no apoio à
produção e às cooperativas agrícolas.
A especificidade do vinho verde não
estabelece, contudo, qualquer regime
de exceção, acompanhando a defesa
e valorização da produção nacional
como elemento fundamental da nossa
soberania e do nosso desenvolvimento
económico. No restante da indústria é
necessário o reconhecimento do papel
das MPME (micro, pequenas e médias
empresas) e do papel da indústria, em
particular, na substituição das impor￾tações pela produção nacional e mesmo
no crescimento das exportações.
Quais são as suas propostas para
melhorar as infraestruturas no Alto
Minho, como estradas e transportes
públicos?
A posição do PCP nesta matéria é já
conhecida, identificando eixos rodo￾viários estruturantes que urge concluir,
como a A28 até Valença, ou a ligação
de Valença a Melgaço, que não serve,
tal como se encontra, os interesses da
região. Sobre esta matéria importa re￾cordar que o PCP apresentou já como
propostas de alteração ao orçamento
do estado para 2024 o prolongamento
da A28 até Valença, Monção e Melga￾ço, que não foi acompanhada por PS,
PAN e IL . Soma-se ainda a conclusão
da ligação entre Vila Nova de Cerveira
e Paredes de Coura e investir signifi￾cativamente numa rede de transportes
públicos, levando à justa e necessária
diminuição de preços, ajustando horá￾rios que cruzem as ligações rodoviárias
e ferroviárias e dando cumprimento
ao modelo intermodal que caracteriza
outras zonas do país. Aliás, propomos
o passe único intermodal e inter-re￾gional a 40 euros, o que responde ao
drama de muitos utentes que viram o
custo mensal das viagens entre o dis￾trito e o Porto aumentar muito desde o
início do ano.
Como planeia impulsionar o turis￾mo na região, considerando o poten￾cial do Alto Minho em termos de patri￾mónio cultural e natural?
O setor do turismo não só é reconhe￾cido como um potencial gerador de ri￾queza como o é efetivamente, com des￾tacado relevo no Alto Minho. Importa
por isso criar as condições de integração
do turismo enquanto elemento de uma
ampla estratégia de desenvolvimento
da economia nacional. Nesta se inclui o
combate à sazonalidade, à precarieda￾de laboral e aos baixos salários pratica￾dos no setor. Por outro lado, há a ques￾tão relacionada com a articulação com
outras atividades económicas, espe￾cialmente das produtivas e a defesa do
património natural e cultural. Em todo
o caso, este desenvolvimento turístico
deve atender à ação determinante do
Turismo do Porto e Norte e das autar￾quias locais, nas que se destaca o contri￾buto presente por parte dos municípios.
Há igualmente a consciência de que o
turismo será favorecido pelo maior in￾vestimento nos transportes e serviços
públicos e não pode ignorar o direito à
habitação, combatendo o crescente do￾mínio do capital estrangeiro.
Qual é a sua visão para o setor agrí￾cola e pesqueiro no Alto Minho e como
pretende apoiar os produtores locais?
Quando o PCP afirma uma política
patriótica e de esquerda fá-lo na estei￾ra de 6 grandes objetivos: 1. Soberania
nacional; 2. Desenvolvimento solidá￾rio; 3. Produção nacional; 4. Estado ao
serviço do povo; 5. Coesão e equilíbrio;
6. Liberdade e democracia. Ora a agri￾cultura e as pescas são parte integrante
desta política, determinantes na defesa
dos sectores produtivos e da produção
nacional. Como o PCP e a CDU advo￾gam no seu programa, o desenvol￾vimento da agricultura e das pescas
são garante da soberania alimentar,
afirmando-se o “apoio às explorações
familiares, à pesca artesanal e costeira,
às micro, pequenas e médias empresas
e ao sector cooperativo, assegurando
o controlo público dos sectores funda￾mentais da economia”.
No plano dos investimentos públicos
necessários ao setor da pesca, face às
evidências e dificuldades, é urgente e
necessário, ouvidos os pescadores, que
se estabeleça um plano estratégico de
investimentos que promova a fixação
dos pescadores e de segurança nas bar￾ras, onde a existência de um sistema
público de dragagem será um contri￾buto fundamental.
Como abordaria questões relacio￾nadas com a educação e o emprego no
Alto Minho para promover o desen￾volvimento sustentável?
A questão encerra dimensões distin￾tas, mesmo que se encontrem sempre
conexões e se reconheça a centralidade
do desenvolvimento sustentável. Na
educação as perspetivas são também
diversas, estando uma associada ao
emprego, desde logo pela recuperação
do tempo integral de serviço prestado
pelos professores, os salários e as car￾reiras, atravessando outros problemas,
como a habitação que, tal como noutros
setores, limita, cada vez mais, a fixação
de profissionais. Esta questão influen￾cia igualmente a perspetiva dos alunos,
especialmente ao nível do ensino supe￾rior e particularmente os deslocados. As
ofertas educativas são de facto uma di￾mensão que deve responder às necessi￾dades da região, no que respeita ao en￾sino profissional, garantindo-se oferta
pública, articulada com os municípios, e
valorizando a educação artística, sendo
urgente, no Alto Minho, a sua integra￾ção na esfera pública, acomodando as
parcerias municipais necessárias.
Uma educação que valoriza o cresci￾mento em conhecimento e que garante
a progressão de estudos, que promove
a integração no mercado de trabalho
local, cada vez mais exigente, e que não
exclui a dimensão cultural, é o caminho
que conduz a um maior e melhor futuro
para o território.
Há ainda outras dimensões que im￾porta referir e que mostram o percurso
que o PCP e a CDU têm vindo a defender
e a promover, garantindo direitos para
todos, pais e crianças. Nestas destaca￾mos a construção de uma rede pública
de creches, a compatibilização entre a
vida familiar e a vida profissional, o di￾reito das crianças a brincar e a garantia
de autonomia económica e social das
famílias.
Qual é a sua visão sobre a coopera￾ção entre os municípios do Alto Minho
e como pretende fortalecer essa cola￾boração?
O Alto Minho é uma região que ao
longo do tempo experimentou dife￾rentes ligações, promovendo aproxi￾mações e distanciamentos que revelam
bem as vulnerabilidades da adminis￾tração do território, das visões e políti￾cas que se afastam da Constituição da
República e que alimentam parte sig￾nificativa de processos, não de descen￾tralização, mas antes de desresponsa￾bilização do Estado. Só nos últimos 20
anos vimos nascer e morrer a Valimar,
chegada a sul ao Distrito de Braga, com
Esposende a unir-se na corda litoral a
Viana do Castelo e Caminha, ao mesmo
tempo que se rompiam amarras ao vale
do Minho, unido na Associação de Mu￾nicípios do Vale do Minho. Pelo meio se
confundiram associações setoriais com
cooperação, essencialmente no domí￾nio da água e dos resíduos sólidos. Hoje,
o Alto Minho está formalmente inte￾grado na Comunidade Intermunicipal
(CIM) do Alto Minho, que não tem a
força que uma verdadeira regionaliza￾ção poderia dar mas que mostra cami￾nhos de entendimento e preocupações
comuns. Acresce ainda a particularida￾de das eurocidades e as proximidades
à Galiza. Em todo caso são muitas as
dificuldades e maiores as dúvidas sobre
a capacidade de uma verdadeira coo￾peração entre os municípios. A criação
da AdAM é um dos exemplos onde a
falta de uma efetiva cooperação entre
municípios, capaz de dar a dimensão
desejada aos projetos de investimento
financiados por contratos programa,
essencialmente europeus, permitiu a
criação de um negócio da água que ig￾nora o investimento municipal, o seu
conhecimento e recursos, e que se refle￾te em duas questões essenciais: 1. De￾pendência dos municípios da empresa,
dos seus serviços e das prioridades que
esta estabelece; 2. Agravamento do
acesso e disponibilidade da água aos
cidadãos, desde logo pelo aumento de
custos. Mas os caminhos da coopera￾ção e ação comum são mais evidentes
quando esta união se faz a 7 e não a 10.
Somam-se as dificuldades de criação
de condições para o estabelecimento
de uma rede de transportes na região,
processo que, entre outros, não fez o
devido uso do orçamento de estado
que previa uma diminuição de custos
de transporte, elemento essencial na
luta do PCP e da CDU, diminuindo as
assimetrias regionais. As dificuldades
na colaboração expressam igualmente
o que aliás é a evidência do quanto os
deputados do PS e PSD, eleitos pelo dis￾trito de Viana do Castelo, se afastam da
defesa da região, não tendo apoiado as
propostas do PCP para o Orçamento de
Estado para 2024, nomeadamente na
eliminação das portagens da A28 ou na
internalização do serviço de radiologia
na ULSAM ou a criação de um serviço
de radioterapia nesta unidade.
Perante todas estas evidências o im￾portante é de vez contribuir para uma
efetiva regionalização, com órgãos
democraticamente eleitos, respeitador
das identidades locais e das suas liga￾ções territoriais, encontrando nelas os
elementos de colaboração e cooperação
para o desenvolvimento regional nas
linhas do que acima se referiu.
O PCP tem sido, dentro das suas pos￾sibilidades e representações, inclusiva￾mente na CIM, a partir da Assembleia
Intermunicipal, um elemento de valo￾rização do território, de afirmação da
coesão e de disponibilidade para o diá￾logo que conduza ao contributo para as
melhores soluções para o Alto Minho.
Este é na verdade o compromisso que
assumimos e que faz eco da nossa for￾ma de estar e agir na sequência do voto
popular que a 10 de Março encontrará
na CDU a razão para o aumento dos
salários, das pensões e reformas, de de￾fesa das funções sociais do Estado, com
destaque para o SNS, entre tantas ou￾tras que reconhecem sempre que a CDU
ganha força, a vida melhora!

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