Aguiar-Branco, antigo ministro da Defesa, é o cabeça de
lista da Aliança Democrática
pelo distrito de Viana do Castelo. Foi ministro da Justiça
no governo de Pedro Santana
Lopes e, posteriormente, ministro da Defesa Nacional nos
dois governos de Pedro Passos
Coelho.
Como pretende promover o
desenvolvimento económico e
social no Alto Minho e noutras
regiões do país?
O distrito de Viana do Castelo está envelhecido e as nossas
populações precisam, cada vez
mais, de apoio. A rede de respostas tem que aumentar e têm que
ter as condições necessárias para
prestar os seus serviços à população. Esta não é uma realidade exclusiva do Alto Minho, até
porque a necessidade massificada de cuidados gerontológicos
conduziu à proliferação de instituições residenciais com serviços
assistencialistas, com sinais de
esgotamento. Houve um grande
afastamento dos profissionais
deste setor, a falta de atratividade dos salários e carreiras, aliado
à grande carga de trabalho levou-nos ao estado atual e é notória a ausência de visão política
que procure dar aos idosos um
envelhecimento ativo, de qualidade e com toda a dignidade que
merecem, tal como a fomentação
necessária da natalidade.
Já no setor económico, a descida do IRC para as empresas, dos
atuais 21% para 15% e a eliminação de forma gradual da progressividade da derrama estadual e a eliminação da derrama
municipal são apenas algumas
das medidas defendidas pela AD.
Que políticas específicas planeia implementar para apoiar as
indústrias locais, como o vinho
verde na região do Alto Minho?
O Vinho Verde é um produto
muito importante para esta região, por isso consideramos necessário que este setor continue a
receber os apoios essenciais, quer
para a crescente aposta por parte
dos produtores, quer para a reconversão de vinhas e para a fixação de jovens empresários que
se queiram lançar neste setor. O
vinho verde faz parte da tradição mas é também modernidade
e inovação e permite a utilização
de terrenos que de outra forma
ficariam abandonados.
Quais são as suas propostas
para melhorar as infraestruturas
no Alto Minho, como estradas e
transportes públicos?
Bem sabemos que ainda há
muito a fazer nesta matéria no
Alto Minho. Há reivindicações
feitas há muito e que precisam
de ser ouvidas para potenciar o
desenvolvimento desta região do
país. Entre as nossas propostas
temos a conclusão do IC1/A28 até
Valença e a ligação a Monção/
Melgaço, o prolongamento do
IC28 à fronteira da Madalena/
Ourense, para aproximar o distrito do TGV com ligação direta a
Madrid.
Defendemos a necessária intervenção e lançamento dos
concursos públicos para a requalificação da rede viária do Alto
Minho, sistematicamente adiada
há anos, como por exemplo, da
EN 101 de Valença-Monção-Arcos/Ponte da Barca/Braga, a EN
202 de Monção-Melgaço e a EN
303 de Arcos de Valdevez-Paredes de Coura-Vila Nova de Cerveira. Defendemos a melhoria
das ligações transfronteiriças,
como a ligação entre Caminha
e La Guardia e a ligação à A52
na Galiza. A conclusão da modernização ferroviária do Alto
Minho, com novos comboios na
linha do Minho e a requalificação das estações (plataformas e
acessos a cidadãos com mobilidade reduzida) e pugnamos pela
concretização da ligação da Alta
Velocidade Porto-Braga-Valença-Vigo.
Quanto aos transportes públicos não podemos aceitar que
a situação continue no impasse
em que está e não haja uma rede
eficaz de transportes no Alto Minho. São necessários novos modelos de gestão, mais eficientes
para operadores e utilizadores,
bem como modelos intermodais
e interface.
Como planeia impulsionar o
turismo na região, considerando o potencial do Alto Minho em
termos de património cultural e
natural?
Nesta matéria vários autarcas
têm sido felizes nas decisões tomadas em prol dos seus concelhos, há outros onde o trabalho
de fundo é mais necessário.
Primeiro a valorização do património cultural é essencial, tal
como é necessário ter o cuidado
da preservação destes valores
importantes para as nossas terras e para a nossa história. No
Alto Minho não há preservação
cultural sem haver preservação
ambiental, estão ambos intrinsecamente ligados e é fundamental que quem decida sobre
o seu espaço geográfico tenha
sempre essa consciência. Promover este território é importante
mas, acima de tudo é fundamental que quem cá vive tenha essa
vontade e sejam os primeiros em
querer dar o exemplo. Sem preservarmos a nossa paisagem, não
estaremos a preservar o nosso
património. É importante que
haja um trabalho em rede entre
as autarquias, entre os empresários ligados a este setor e as populações que são essenciais para
a preservação cultural e natural.
Faz parte também do nosso programa eleitoral o desenvolvimento de um Projeto Integrado
de Valorização Turística à escala
Transfronteiriça, aproveitando
os magníficos recursos naturais,
monumentais e culturais. Queremos ainda valorizar o território,
promover e potenciar o Parque
Nacional da Peneda Gerês/Reserva Mundial da Biosfera, bem
como as Áreas Protegidas e Classificadas do distrito.
Qual é a sua visão para o setor
agrícola e pesqueiro no Alto Minho e como pretende apoiar os
produtores locais?
Nos últimos 8 anos deste governo socialista houve um total
e crescente desrespeito pelo setor agrícola e isso é bem visível
no descontentamento dos nossos
produtores e criadores de gado,
nas medidas que este governo
aprovou para o setor, na desvalorização do trabalho destas
pessoas. Entre as várias medidas da AD está a regularização
das dívidas com os agricultores e
regressar a uma política de pagamentos atempados e certos,
definir uma estratégia nacional
de acesso aos recursos hídricos,
reprogramar o PEPAC e acelerar
a sua execução com maior previsibilidade nas medidas de investimento, valorizar os projetos dos
jovens que integrem as empresas
agrícolas já existentes, aumentar
a percentagem de agricultores
com formação agrícola, reforçar
a comercialização dos produtos
locais e valorizar a produção nacional.
Em relação à pesca, no Alto Minho, faz parte do nosso programa
eleitoral dar prioridade à Economia do Mar, com especial enfoque na pesca artesanal, costeira e
das águas interiores, construção
naval e turismo náutico, assim
como concretizar a efetiva requalificação do Portinho de Vila
Praia de Âncora.
Como abordaria questões relacionadas com a educação e
o emprego no Alto Minho para
promover o desenvolvimento
sustentável?
Atualmente é importante que
se olhe para as instituições de
ensino do Alto Minho e se perceba quais são as suas verdadeiras
dificuldades e desafios. No caso
do IPVC, este instituto precisaria de um maior financiamento
tendo em conta a especificidade
do território onde se insere, pois
possui várias escolas espalhadas
pelo distrito e tem a necessidade
de maiores recursos financeiros
para manter esta logística em
funcionamento. Além disso, é
preciso olhar para os territórios
e perceber quais são as suas necessidades, de que forma as instituições de ensino conseguem
dar resposta às áreas de emprego existentes de forma a formarem-se profissionais que possam
efetivamente ficar no distrito. Só
assim estaremos a trabalhar em
prol das necessidades das empresas e a promover também a
fixação de quadros neste território.
Qual é a sua visão sobre a cooperação entre os municípios do
Alto Minho e como pretende fortalecer essa colaboração?
Penso que, no geral, os municípios do Alto Minho têm vindo
a estabelecer uma cooperação
importante para o território.
Certamente que poderia haver
melhorias em algumas áreas
estratégicas para o distrito mas
acredito que a seu tempo e com
um Governo que efetivamente
seja impulsionador de um trabalho em rede esta cooperação
também possa ser mais eficaz.
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